Moisés Rabinovici: Israel muda o alvo: quer derrubar o governo do Irã

by Marcelo Moreira

Israel alterou seus alvos e objetivos no Irã, com o foco agora na derrubada do regime teocrático do aiatolá Ali Khamenei. Os últimos bombardeios israelenses miraram objetivos econômicos, mas sem abandonar os militares, enquanto as usinas nucleares, motivo do início da guerra, passaram para segundo plano, por falta de bombas poderosas que as destruam.

Esta é uma explicação para o ataque ao vivo à tevê estatal iraniana, em Teerã. A apresentadora abandonou o estúdio no momento em que as explosões foram ouvidas até pelos telespectadores. Israel alertou sobre o ataque, a tempo para que o prédio fosse abandonado. Em Tel Aviv, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu desmentiu que estivesse proibido de assassinar Khamenei pelo presidente Donald Trump. “Veja, nós fazemos o que precisamos fazer” – ele disse à rede americana de TV ABC.

O Irã sinalizou que interrompe as retaliações se Israel parar os bombardeios aéreos. Em seu arsenal, existem mísseis de mais de uma tonelada e mísseis de cruzeiro – entre eles, o potente Khomshahar, armado com duas toneladas e meia de explosivos, e muito difíceis de detectar. A opção de voltar às negociações em caso de um cessar-fogo não entusiasma o governo iraniano, enfraquecido, toda a cúpula militar decapitada – o que poderia ser interpretado como uma rendição. Mas um recado via países do Golfo chegou a Donald Trump, que o aceitou recomendando: “Quanto mais cedo, melhor”.

Em Israel circula uma pesquisa feita por organizações de direitos humanos que mostra que apenas 15% dos iranianos apoiam o regime do aiatolá Khamenei; 30% o odeiam e querem o seu fim; 25% são opositores moderados que esperam reformas; e 30% são totalmente apáticos. Por isso, Netanyahu achava que bastava dar um empurrão para mudar o Irã. Mas os iranianos se uniram contra o inimigo que atacou a pátria. Não há protestos antigovernamentais, antes comuns mesmo sob forte repressão.

Netanyahu provocou com a guerra em Gaza o isolamento de Israel. Em abril de 2024, os EUA, Grã-Bretanha, França, Jordânia, Arábia Saudita e o Egito se aliaram para interceptar os 200 mísseis disparados pelo Irã. Pouco mais de um ano depois, o presidente Trump não se ufana de proteger os israelenses, e agora é o único protetor, e o faz sem alarde.

Até a tarde desta segunda-feira (16), o Irã tinha atacado Israel com 350 mísseis balísticos, que mataram 24 civis, e Israel, em três dias de bombardeios aéreos, matou 224 iranianos, a maioria civis. A destruição é grande nos dois países. No domingo à noite, um míssil apagou uma “instalação de energia” em Haifa, sob um enorme incêndio, e as informações foram proibidas pela censura militar israelense, sem explicação, mesmo que a rede Al Jazeera já a divulgara em todo o mundo, com o reforço das redes sociais.

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