Como Irã e Israel se tornaram inimigos históricos

by Marcelo Moreira

O conflito entre Israel e Irã, que nesta segunda-feira (16) chega ao quarto dia seguido de trocas de ataques diretos (que já haviam ocorrido em abril e outubro do ano passado), é um confronto entre dois países que já foram aliados.

Quando Israel foi criado, no final dos anos 1940, o Irã votou contra a partição da então Palestina nas Nações Unidas e a solução de dois Estados. Porém, em 1950, reconheceu Israel diplomaticamente, relação que virou amizade em 1953, quando ocorreu um golpe de Estado no país persa.

A amizade Irã-Israel era um raro alívio na região para os israelenses, que nas décadas seguintes entraram em guerras com outros vizinhos de maioria muçulmana que não admitiam sua existência.

A partir de 1958, Israel, Irã e a Turquia mantiveram a aliança Tridente, em oposição aos países muçulmanos então inimigos dos israelenses, numa parceria que incluiu compartilhamento de informações de inteligência, cooperação econômica e comércio de armas.

Porém, tudo mudou em 1979, quando a Revolução Islâmica derrubou o xá Mohammad Reza Pahlavi e radicais xiitas tomaram o poder no Irã.

O primeiro líder supremo da teocracia iraniana, Ruhollah Khomeini, chamou Israel de “pequeno Satã” e os Estados Unidos de “grande Satã”, pelo apoio dos dois países a Pahlavi e pelo conflito israelense com os palestinos.

Desde então, o Irã promove agressões contra Israel por meio dos grupos terroristas que apoia: o palestino Hamas, o libanês Hezbollah e, mais recentemente, os houthis do Iêmen.

Essas agressões não se limitam ao Oriente Médio: em abril do ano passado, a Justiça da Argentina atribuiu ao Irã a responsabilidade pelo atentado que matou 85 pessoas em 1994 na sede da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em Buenos Aires, e pelo ataque à Embaixada de Israel na capital argentina dois anos antes, que havia deixado 29 mortos.

A corte responsável pela decisão afirmou que os dois ataques foram uma decisão política e estratégica do regime iraniano e foram executados pelo Hezbollah, “que agiu sob a inspiração, organização, planejamento e financiamento de organizações estatais e paraestatais subordinadas ao governo dos aiatolás”.

Outro fator que alimenta a rivalidade entre Israel e Irã é o programa nuclear iraniano. Durante o governo do presidente americano Barack Obama (2009-2017), o Irã chegou a assinar um acordo com os Estados Unidos e outras potências do Ocidente se comprometendo a manter um programa nuclear exclusivamente com fins pacíficos, em troca do relaxamento de sanções.

Israel argumenta que o Irã nunca abriu mão dos planos de ter uma arma nuclear e, no seu primeiro mandato presidencial (2017-2021), Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo com Teerã. Porém, desde que voltou à Casa Branca, em janeiro, o republicano vem buscando outro acordo nuclear com os iranianos.

Na sexta-feira passada (13), Israel iniciou uma onda de ataques contra instalações nucleares e militares do Irã, alegando que o país inimigo estava muito próximo de ter uma bomba nuclear.

“Hoje, o Irã está mais perto do que nunca de obter uma arma nuclear. Armas de destruição em massa nas mãos do regime iraniano representam uma ameaça existencial ao Estado de Israel e uma ameaça significativa ao mundo em geral. O Estado de Israel não permitirá que um regime cujo objetivo é destruir o Estado de Israel obtenha armas de destruição em massa”, disseram as Forças de Defesa de Israel (FDI) em comunicado.

As origens do conflito Israel x Irã são bem conhecidas – seu desfecho, porém, segue imprevisível em meio à escalada nas tensões.

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