Irã chama de 'fora da realidade' proposta nuclear feita por europeus; Macron diz querer 'acelerar negociações' com Teerã

by Marcelo Moreira


Ministros das Relações Exteriores do Reino Unido, França, Alemanha e Irã se reuniram em Genebra, na Suíça, na sexta (20), para falar sobre programa nuclear iraniano. Israel e Irã travam conflito direto há mais de uma semana. Ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi.
REUTERS/Dilara Senkaya/File Photo
O Irã considerou como “fora da realidade” uma proposta feita por países europeus sobre seu programa nuclear após negociações em Genebra, na Suíça, segundo um oficial iraniano de alto escalão ouvido pela agência de notícias Reuters.
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O oficial iraniano não explicitou à Reuters o conteúdo da proposta europeia, mas indicou que zerar o enriquecimento de urânio “é, na prática, um beco sem saída”, e também afirmou que o Irã não negociará seu programa de mísseis, que chamou de “capacidades defensivas”.
Segundo o iraniano, “insistir nessas posições não aproximará o Irã e a Europa de um acordo”, e o Irã apresentará uma contraproposta no próximo encontro, que ainda não tem data marcada.
O presidente da França Emmanuel Macron afirmou neste sábado que os europeus podem acelerar as negociações com o Irã, desde que seja comprovado que o programa nuclear iraniano é estritamente pacífico. Segundo Macron, ele conversou no telefone com o presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, e está “convencido de que há uma saída da guerra e para evitar perigos ainda maiores”.
“Estou exigindo: o Irã nunca deve adquirir armas nucleares, e cabe a ele [Pezeshkian] fornecer todas as garantias de que suas intenções são pacíficas”, afirmou o líder francês em publicação nas redes sociais.
Os ministros das Relações Exteriores do Reino Unido, França e Alemanha —conhecidos como E3— se reuniram com o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi na sexta-feira (20). Veja mais detalhes abaixo.
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O objetivo do encontro entre Irã e europeus na sexta-feira foi buscar uma solução diplomática para o conflito direto entre Israel e o Irã, e o programa nuclear iraniano também será discutido. A sugestão do encontro presencial partiu do Irã, e as duas partes concordaram em se reunir. A reunião, no entanto, terminou sem acordo.
As negociações ocorreram em Genebra, na Suíça, onde foi firmado em 2013 o primeiro acordo entre o Irã e as potências mundiais para limitar o programa nuclear iraniano em troca da retirada de sanções. Esse acordo foi fechado pelo ex-presidente americano Barack Obama, e Donald Trump retirou os EUA durante seu primeiro mandato, entre 2017 e 2020.
O encontro entre Irã e europeus ocorreu após o colapso das novas negociações entre iranianos e os EUA, motivado pelo lançamento de uma ofensiva militar israelense no formato de bombardeios aéreos no último dia 12 de junho.
“Os iranianos não conseguem se sentar com os americanos, enquanto nós conseguimos”, disse um diplomata europeu. “Vamos dizer a eles para voltarem à mesa de negociações sobre a questão nuclear antes que o pior aconteça, ao mesmo tempo em que levantamos nossas preocupações com relação a seus mísseis balísticos, apoio à Rússia e detenção de nossos cidadãos.”
As potências europeias, que não participaram diretamente das negociações nucleares entre Irã e EUA, vinham se mostrando cada vez mais frustradas com a estratégia de negociação americana. Os países consideraram algumas exigências do governo Trump como irreais e temiam que um acordo político inicial fraco levasse a negociações intermináveis.
Os seguintes ministros e diplomatas europeus comparecerão à reunião com o Irã:
Ministro das Relações Exteriores alemão, Johann Wadephul;
Ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean‑Noël Barrot.
Secretário das Relações Exteriores britânico, David Lammy;
Chefe da Diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas;
Dois diplomatas disseram que não há grandes expectativas de avanços nas negociações em Genebra, que também contarão com a presença do chefe da política externa da União Europeia.
Mas disseram que é vital manter o diálogo com o Irã, pois, mesmo que a guerra cesse, o programa nuclear iraniano continuará sem solução, já que não é possível apagar o conhecimento técnico adquirido — o que poderia permitir ao país reconstruir o programa de forma clandestina.
Um funcionário iraniano afirmou que Teerã sempre foi favorável à diplomacia, mas pediu que o E3 use todos os meios disponíveis para pressionar Israel a cessar seus ataques contra o Irã.
“O Irã continua comprometido com a diplomacia como único caminho para resolver disputas — mas a diplomacia está sob ataque”, disse o funcionário.
Chamas e fumaça sobem do horizonte de Teerã enquanto Israel bombardeia o Irã
Reuters

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