Moisés Rabinovici: Greta Thunberg e 3 reféns já deportados por Israel

by Marcelo Moreira

Os “reféns” da Flotilha da Liberdade “sequestrados” por Israel começaram a partir de volta para seus países. A primeira foi a sueca militante ecológica Greta Thunberg, embarcada num voo para Estocolmo, com escala em Paris. Outros três, que assinaram papéis de deportação, devem partir do aeroporto Ben Gurion, em Tel-Aviv, a qualquer momento, ainda hoje.
Os oito restantes “reféns” estão detidos em Ramle, ao lado do aeroporto. Como eles se recusaram a assinar a deportação, por causa de uma cláusula que lhes impedirá de entrar no “inimigo” Israel, caso queiram um dia voltar para uma visita, serão levados a um Juiz que os expulsará, segundo as leis israelenses.

Greta explicou que aceitou ser deportada porque “Eu faço mais bem fora de Israel do que se fosse forçada a ficar aqui por algumas semanas… Se ficarmos aqui por algumas semanas, isso prejudicará a nossa causa”. O Ministério do Interior a fotografou sentada no avião — ela que evita aviões por causa do carbono que despejam na atmosfera.

Os 12 “sequestrados” do barco Madleen, ou Madeleine, navegaram desde a Sicília, na Itália, para furar o bloqueio naval de Israel a Gaza, imposto em 2007, com o apoio do Egito, para impedir o contrabando de armas pelo Hamas, que acabava de vencer as eleições contra a Autoridade Palestina e a expulsara para Ramallah, na Cisjordânia ocupada, quatro anos após a morte do líder Yasser Arafat.

Antes e durante a viagem da Flotilha da Liberdade, Israel advertiu que não deixaria o Madleen passar. Pouco antes de invadir o barco, uma militar israelense deu um ultimato, por alto-falante, para que desistissem — o que não foi aceito. Não houve violência, ninguém ferido, e foram distribuídos água e sanduíches para a longa viagem de reboque até o porto de Ashdod, perto de Gaza.

Os “reféns” foram levados a um hospital, ao desembarcarem, para exames. Todos bem, diplomatas israelenses propuseram um documentário feito, principalmente, com base em câmeras que muitos dos cinco mil terroristas do Hamas tinham acopladas ao uniforme quando invadiram Israel, em 7 de outubro de 2023, matando 1.200 civis, entre eles mulheres, crianças e idosos, e fazendo 251 reféns, 20 dos quais ainda vivos em Gaza. Foi o início da guerra de 20 meses, que se estendeu ao Hesbollah, no Líbano; ao Irã e aos Houthis, no Iêmen, bombardeados hoje pela marinha israelense. Em 20 meses, 54 mil palestinos, entre mulheres, crianças e combatentes (20 mil, segundo Israel) foram mortos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.

O grupo da Flotilha da Liberdade recusou ver o documentário de 43 minutos. O presidente Donald Trump e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu falaram ao telefone, na segunda-feira. Voltou a circular o rumor, em Israel, de que um acordo de cessar-fogo com o Hamas estaria próximo. E mais tarde, Trump declarou sobre Greta Thunberg: “Ela é uma pessoa jovem e raivosa… Acho que ela precisa fazer um curso de controle da raiva.”

Os oito “reféns” da Flotilha da Liberdade ainda em Israel apelaram à Adalah, uma organização israelense de apoio a minoria árabe, para a audiência em que contestarão a deportação, no tribunal. O presidente francês Emmanuel Macron pediu a volta de cinco cidadãos franceses do grupo “o mais rápido possível”, entre eles a eurodeputada sírio-francesa Rima Hassan. Um sexto francês aceitou espontaneamente ser deportado. Há dois jornalistas reféns: Omar Fayyad, da rede Al Jazeera, e Yanis Mhamdi, de uma publicação online, Blast. O grupo Repórteres Sem Fronteiras exige que os dois sejam imediatamente libertados. O brasileiro Thiago Ávila é um dos detidos esperando audiência de deportação.

A ajuda humanitária que o Madleen transportava, simbólica, será enviada a Gaza, segundo o ministério da Defesa israelense.

Compartilhe com seus amigos!

Source link

You may also like

Leave a Comment

Este site usa cookies para melhorar a sua experiência. Presumimos que você concorda com isso, mas você pode optar por não participar se desejar Aceitar Leia Mais

Privacy & Cookies Policy