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Qual foi o recado de Trump para China e Rússia com ataque ao Irã

by Marcelo Moreira

Ao bombardear instalações nucleares do Irã na madrugada (horário local) deste domingo (22), os Estados Unidos agiram diretamente em ajuda a um aliado: Israel, que troca ataques com Teerã desde o último dia 13.

Embora o governo Donald Trump tenha alegado em seguida que foi uma intervenção pontual e que não planeja uma mudança de regime no Irã – contrariando o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, que pediu um levante no país inimigo –, a ação americana manda recados para os dois principais rivais geopolíticos dos Estados Unidos atualmente, China e Rússia, e, por consequência, para o mundo.

A Rússia “condenou veementemente” os bombardeios ao Irã e os chamou de “uma grave violação do direito internacional, da Carta da ONU e das resoluções do Conselho de Segurança da ONU”.

A China seguiu a mesma linha e se ofereceu para “trabalhar com a comunidade internacional para unir esforços e defender a justiça, além de contribuir para o trabalho de restauração da paz e da estabilidade no Oriente Médio”.

Para Alan Pino, analista do think tank americano Atlantic Council, o recado principal de Trump é que, por mais que seu discurso seja de evitar iniciar ou acirrar conflitos, sua paciência tem limites – justamente em um momento em que o presidente americano é cobrado por ainda não ter colhido resultados concretos nas negociações com a Rússia para acabar com a guerra na Ucrânia.

“Independentemente de o Irã se sentar à mesa ou não [para negociar], com os ataques às instalações nucleares iranianas, Trump enviou um sinal poderoso aos apoiadores do Irã, Rússia e China, de que seu desejo de evitar se envolver em novas guerras não o impede de usar a força quando acredita que interesses centrais dos EUA estão em jogo”, escreveu Pino em artigo.

Outro analista do Atlantic Council, John E. Herbst, ex-embaixador dos EUA na Ucrânia, afirmou que Trump “agora está em uma posição muito mais forte” para negociar com o ditador russo, Vladimir Putin.

“A Rússia não fez nada além de defender verbalmente seu aliado, o Irã. Se os Estados Unidos começarem a exercer a pressão sobre a Rússia que Trump prometeu por Putin estar impedindo a paz, ele dará um grande passo para deter a agressão russa na Ucrânia”, afirmou Herbst.

Entretanto, em entrevista à NPR, Nicole Grajewski, membro do Programa de Política Nuclear da Fundação Carnegie para a Paz Internacional, destacou que a China e a Rússia “nunca ofereceram ao Irã ajuda ou assistência mútua quando se trata de assuntos militares” (ou seja, nunca foram realmente aliados de Teerã nesse sentido), e que Trump precisará ficar atento para que Moscou e Pequim não utilizem o ataque às instalações nucleares iranianas para desviar atenção das agressões realizadas pelos dois rivais americanos – da Rússia contra a Ucrânia e da China contra Taiwan.

“Acho que a narrativa que sai desse ataque, especialmente no Sul Global, realmente favorece o tipo de visão de mundo que Rússia e China buscaram criar sobre essa ordem multipolar antiocidental. E, portanto, eles têm se aproveitado disso para formar uma coalizão de Estados que se opõem aos Estados Unidos”, descreveu Grajewski.

“Eles também podem usar esse ataque para uma escalada horizontal e ver esse conflito como uma forma de desviar a atenção de outras questões, como a Ucrânia, por exemplo”, alertou.

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