Os Estados Unidos atingiram, na noite de sábado (21), três instalações nucleares iranianas em Fordow, Natanz e Isfahan, na região central do Irã, após dias de especulação se os americanos ingressariam ou não ao lado de Israel na guerra contra o Irã.
O objetivo da Operação Midnight Hammer (Martelo da Meia-Noite, em inglês), segundo o Departamento de Segurança dos EUA, foi “devastar o programa nuclear iraniano”, visto que um acordo diplomático entre representantes de Trump e do regime de Ali Khamenei não avançou após diversas rodadas de negociação.
De acordo com o presidente americano, Donald Trump, e seu Secretário de Defesa, Pete Hegseth, o ataque dos sete bombardeiros B-2 e das 14 bombas GBU-57 antibunker — cada uma com 13 toneladas — causou “danos severos” e “obliterou” à estrutura nuclear do Irã.
O Teerã, por sua vez, afirma que a ofensiva norte-americana foi “frustrada” por defesas aéreas em torno das estruturas de enriquecimento de urânio. Segundo fontes da TV estatal iraniana, as estruturas permanecem intactas, exceto por pequenos danos externos nos pontos de entrada e saída dos três complexos.
Risco de contaminação nuclear
Em comunicado neste domingo, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão de monitoramento da ONU, afirmou que, até o momento, acredita que não haverá consequências para a saúde ou o meio ambiente na região atacada pelos EUA. “Após os ataques a três instalações nucleares no Irã, incluindo Fordow, a AIEA pode confirmar que, até o momento, não houve registro de aumento nos níveis de radiação fora das instalações”, escreveu no X (antigo Twitter).
Relatórios da semana passada, compartilhados pelaa AIEA, davam conta de que as três instalações bombardeadas abrigavam material nuclear na forma de urânio enriquecido em diferentes níveis, e de que havia a possibilidade de uma contaminação radioativa dentro das próprias instalações.
Capacidade nuclear do Irã
Questionados na manhã de hoje, durante entrevista coletiva, se os ataques da Operação Martelo da Meia-Noite causaram um dano irreversível às estruturas nucleares do Irã, o Secretário de Defesa, Pete Hegseth, e o Chefe do Estado-Maior dos EUA, Dan Caine, disseram que ainda era incerto dimensionar com total certeza o impacto dos B-2.
“Ainda estamos analisando todos os danos causados, mas esse foi um ataque preciso, de grande êxito, que atingiu os alvos desejados para destruir o programa nuclear iraniano e que nenhum outro país do mundo seria capaz de realizar”, afirmou Hegseth. O general Caine, respondendo a uma pergunta, diz que é muito cedo para dizer se o Irã ainda mantém alguma capacidade nuclear.
Martelo da Meia-Noite não atinge Khamenei
Após o ataque, autoridades do governo dos EUA buscaram esclarecer que o único objetivo da ofensiva ao país persa é destruir o complexo de enriquecimento de urânio do Irã, e que os americanos não pretendem derrubar o regime do aiatolá Ali Khamenei, no poder desde 1989.
“Os Estados Unidos não estão em guerra com o Irã. Estamos em guerra com o programa nuclear do Irã”, afirmou o vice-presidente americano JD Vance em entrevista na manhã deste domingo (22). “Não entrarei em detalhes de inteligência sensível sobre o que temos visto em solo no Irã, mas nós vimos muito, e sinto-me muito confiante de que atrasamos substancialmente seu desenvolvimento de uma arma nuclear, e esse era o objetivo deste ataque” disse Vance ao canal de televisão NBC.