Após os bombardeios dos Estados Unidos a instalações nucleares do Irã na madrugada (horário local) deste domingo (22), o regime de Teerã estuda as opções para responder aos ataques americanos. Uma possibilidade é o fechamento do Estreito de Ormuz; outra é uma ofensiva contra bases militares dos Estados Unidos no Oriente Médio.
Em declarações publicadas pela agência estatal Irna, Ali Akbar Velayati, assessor do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse que os Estados Unidos “não têm mais” lugar no Oriente Médio após os ataques às usinas de enriquecimento de urânio iranianas.
“Os Estados Unidos atacaram o coração do mundo islâmico e devem aguardar consequências irreparáveis, porque a República Islâmica não tolera nenhum insulto ou agressão”, ameaçou o assessor, que disse que quaisquer bases usadas pelos EUA para realizar os ataques a instalações nucleares iranianas “serão consideradas alvos legítimos”.
De acordo com um relatório do think tank Conselho sobre Relações Exteriores (CFR, na sigla em inglês), os americanos possuem instalações militares em pelo menos 19 locais diferentes no Oriente Médio — oito delas consideradas permanentes por analistas regionais —, em países como Bahrein, Egito, Iraque, Israel, Jordânia, Kuwait, Catar, Arábia Saudita, Síria e Emirados Árabes Unidos.
Há cerca de 40 mil militares americanos atualmente no Oriente Médio, muitos em navios na região, segundo o CFR.
O think tank relatou que os Estados Unidos também utilizam bases no Djibuti e na Turquia vinculadas a outros comandos regionais das forças americanas para suas operações no Oriente Médio.
Entre as bases americanas no Oriente Médio, destacam-se a Base Aérea de Al Udeid, localizada no Catar e a maior base militar dos Estados Unidos na região, e a Base Aérea de Al Asad, localizada no Iraque e atacada pelo Irã em 2020 após os americanos terem matado o líder da Força Quds, Qasem Soleimani – resposta que deixou militares com lesões cerebrais leves, mas não provocou mortes.
Entretanto, analistas não acreditam que o Irã irá responder com uma ofensiva direta em grande escala contra alvos militares americanos, devido ao poderio muito superior de Washington e ao esgotamento das capacidades militares de Teerã.
Na semana passada, após Israel ter iniciado ataques contra instalações militares e nucleares iranianas, o presidente americano, Donald Trump, disse que se os americanos forem “atacados de qualquer forma pelo Irã, toda a força e poder das Forças Armadas dos EUA recairão sobre vocês em níveis nunca vistos antes”.
O analista de segurança nacional da emissora CNN, David Sanger, disse neste domingo que opções mais prováveis para Teerã serão medidas “assimétricas”, como terrorismo ou ataques cibernéticos.
“Acho que o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica provavelmente está tentando entender quais capacidades ainda lhe restam”, afirmou Sanger, em referência às perdas de infraestrutura militar (especialmente estoque de mísseis) que o Irã já sofreu desde que começou a trocar ataques com Israel no último dia 13.
“Acho que [o Irã] será um pouco cauteloso, e suspeito que isso nos levará a todas as coisas assimétricas que eles podem fazer: ataques cibernéticos, terrorismo. Acho que eles provavelmente buscarão alternativas onde os EUA não podem simplesmente implementar defesas tradicionais”, projetou o analista.
