A taxa de desemprego na Argentina subiu no primeiro trimestre do ano para 7,9%, o maior nível desde o terceiro trimestre de 2021 (quando a taxa era de 8,2%), em um mercado de trabalho onde os empregos formais assalariados estão em queda e apenas os empregos autônomos crescem. Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), a elevação no desemprego foi de 1,5 ponto porcentual em relação ao trimestre anterior e 0,2 ponto porcentual em comparação com o mesmo período de 2024.
Durante o primeiro trimestre do ano, o mercado de trabalho da Argentina esteve em um contexto de reativação econômica, com um aumento acumulado de 6,1%, embora setores-chave em termos de emprego, como a indústria e a construção civil, tenham registrado fortes quedas em março, com perdas de postos de trabalho.
De acordo com os dados do Indec, divulgados na quinta-feira, o número de desempregados nos 31 maiores conglomerados urbanos da Argentina considerados na medição oficial foi, no primeiro trimestre, de 1,136 milhão de pessoas, 199 mil a mais que no trimestre anterior. No mesmo período, os empregos formais assalariados (trabalhadores registrados em relação de dependência) nas principais cidades do país caíram em cerca de 200 mil, para 6,1 milhões, enquanto os empregos assalariados, mas informais (não registrados), diminuíram em 100 mil, para 3,5 milhões, o que, além disso, representa de forma preocupante 36,3% dos assalariados na Argentina. Já os trabalhadores autônomos chegaram a 3,6 milhões, cerca de 100 mil a mais que no último trimestre de 2024.
Ajuste forte de Milei afetou mercado de trabalho, mas economistas projetam melhora
Esses dados indicam que, enquanto diminuiu a massa de trabalhadores contratados formal e informalmente, cresceram os empregos autônomos, o que evidencia o processo de precarização do trabalho. Essa tendência se aprofundou desde a chegada de Javier Milei à presidência, no fim de 2023, quando ele implementou um severo plano de ajuste que afetou diversos setores produtivos.
De acordo com um relatório do Centro de Economia Política Argentina (Cepa), desde o início do governo Milei até março deste ano, o número de empregadores com trabalhadores registrados caiu em 13.862, “refletindo uma tendência negativa no tecido empresarial durante o período”. Segundo esse relatório, no mesmo período, foram perdidos 210.971 empregos registrados.
Sob as políticas de ajuste e redução do tamanho do Estado do governo Milei, o setor da administração pública foi o mais afetado em termos de perda de empregos, com uma diminuição de 130.102 trabalhadores, seguido pelo da construção, que perdeu 81.871 postos no mesmo período. Também foram registradas quedas significativas nos setores de serviços de transporte e armazenamento, com 53.672 empregos a menos, e na indústria manufatureira, que perdeu 25.510 empregos.
Os economistas privados consultados mensalmente pelo Banco Central para seu relatório de expectativas projetam que a taxa de desemprego fechará 2025 com um índice de 6,5%, acompanhada de uma recuperação do PIB de 5,2%.