Voos misteriosos entre China e Irã levantam suspeitas

by Marcelo Moreira

Desde o início dos ataques israelenses a instalações nucleares e alvos militares do Irã, vários voos misteriosos entre a China e o Irã foram identificados com a ajuda de sites que rastreiam aeronaves, como o FlightRadar24. Segundo o jornal britânico The Telegraph, pelo menos cinco Boeings 747 decolaram da China rumo ao Irã desde 14 de junho, desaparecendo dos radares assim que se aproximam do espaço aéreo iraniano.

Ainda segundo o Telegraph, os aviões percorrem o norte da China, passam pelo Cazaquistão e viram para o sul, atravessando o Uzbequistão e o Turcomenistão, até finalmente chegarem ao Irã. Oficialmente, todas essas aeronaves identificadas no FlightRadar24 tinham como destino o aeroporto de Luxemburgo, um dos principais hubs de cargas aéreas na Europa, mas nenhum dos voos teria chegado a entrar no espaço aéreo europeu.

A aliança entre o regime comunista chinês e a teocracia iraniana é antiga. Em 2021, os dois países assinaram um acordo aprofundando relações comerciais e militares, com duração de 25 anos. A China condenou os ataques israelenses e pediu respeito pela soberania iraniana, mas não chegou a insinuar nenhum tipo de participação mais direta, como uma possível ajuda militar. No entanto, a existência desses voos pode indicar que o Partido Comunista da China estaria ajudando os iranianos de alguma forma até agora desconhecida dos serviços de inteligência ocidentais ou israelense.

A emissora Fox News citou Robert Greenway, diretor do Centro para Defesa Nacional da Heritage Foundation, que considera improvável que a China esteja usando esses aviões para enviar armas ao Irã de forma clandestina ou sigilosa. “É mais provável que o Irã esteja retirando material, pessoas ou itens valiosos para o regime e levando-os a um porto seguro durante o conflito. Acho que esse seria o maior risco que a China aceitaria correr, dadas as atuais circunstâncias”, disse o analista.

Outros analistas, no entanto, são mais céticos quanto à possibilidade de uma ajuda chinesa por meio de voos de carga. Tuvia Gering, do Atlantic Council, disse ter conversado com especialistas em aviação segundo os quais o aeroporto de Ashgabat, no Turcomenistão (mas muito próximo da fronteira com o Irã), é escala habitual de aviões de carga que deixam a China rumo à Europa.

“Alguns desses sites [de rastreamento de aviões] perdem o sinal das aeronaves pouco antes do pouso e continuam mostrando uma rota projetada, que aparentemente entra no espaço aéreo do Irã”, disse o especialista ouvido por Gering. Ele ainda aponta que os voos seriam operados pela Cargolux, uma empresa luxemburguesa, e seria improvável que uma companhia europeia aceitasse ser usada para algum objetivo escuso envolvendo a China ou o Irã.

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