Bat Yam, ao sul de Tel Aviv, é há muito tempo um reduto de apoio à coalizão do governo de direita de Israel. Veronica Osipchik, de 33 anos, teve sua casa danificada pela explosão
BBC
Bat Yam, ao sul de Tel Aviv, é há muito tempo um reduto de apoio à coalizão do governo de direita de Israel.
Nas primeiras horas da manhã de domingo (15), um míssil iraniano atingiu um prédio residencial de 10 andares, matando pelo menos oito pessoas, e soterrando dezenas de outras sob os escombros.
Apesar dos graves danos, os moradores locais apoiam fortemente o ataque de Israel ao Irã, que começou na sexta-feira (13), e teve como alvo instalações nucleares, bases de mísseis, defesas aéreas, um aeroporto e outras infraestruturas, além de efetivos nucleares e militares.
“Isso precisava ser feito”, diz Veronica Osipchik, de 33 anos, que mora a cerca de 200 metros do local do ataque. “Mas não esperávamos que isso nos afetasse desta forma.”
Osipchik teve as janelas e persianas do seu apartamento completamente destruídas. Quase todos os prédios da vizinhança sofreram danos semelhantes.
“Ficamos em choque”, ela relata, sentada em uma cadeira de camping ao lado de uma mala cheia de comida e produtos de higiene pessoal.
Os mísseis balísticos que causaram destruição em Bat Yam são muito mais potentes do que os foguetes disparados pelo Hamas e pelo Hezbollah ao longo do último um ano e meio — que são interceptados, em sua maioria, pelo sofisticado sistema de defesa aérea de Israel.
As primeiras pessoas presas sob os escombros foram retiradas em poucas horas. Até o fim de domingo, pelo menos três continuavam desaparecidas. “Vi medo em seus olhos”, contou o paramédico Ori Lazarovich que trabalhou no resgate. “As pessoas saíram cinzas, cobertas de fuligem, cinzas e detritos.”
Avi, um homem de 68 anos que não quis dar seu sobrenome, nasceu e cresceu em Bat Yam. “Precisamos continuar atacando [o Irã]”, diz ele. “É claro que temos que continuar. Caso contrário, eles vão jogar uma bomba atômica sobre nós.”
“Eles são fracos. Nós somos muito mais fortes”, acrescenta. “Israel é o número um do mundo.”
Emil Mahmudov, de 18 anos, concorda: “Deveríamos ter feito isso antes. Isso é o que a maioria dos israelenses pensa”.
Equipes de resgate vasculham os escombros no local do ataque em Bat Yam
AFP
A justificativa de Israel para o ataque ao Irã é interromper o programa nuclear do país. Há mais de uma década, sucessivos governos têm alertado sobre a possibilidade de o regime iraniano obter armas nucleares — algo que o Irã nega buscar.
Embora Netanyahu tenha sido criticado em Israel pela situação da guerra em Gaza, seus principais adversários políticos — Benny Gantz, Avigdor Lieberman e Yair Lapid — manifestaram apoio ao ataque ao Irã.
Yossi Mekelberg, professor do Programa do Oriente Médio do think tank (centro de pesquisa e debates) Chatham House, diz que “sempre houve apoio para impedir que o Irã adquirisse capacidade militar nuclear”.
Mas, segundo ele, “isso é muito maior do que lutar contra o Hamas em Gaza, até mesmo contra o Hezbollah no Líbano, ou um confronto direto muito limitado com o Irã”.
“Isso está evoluindo para uma guerra total. E há fadiga em Israel após 20 meses de guerra.”
“Se houver mais baixas, se as pessoas passarem muito tempo em abrigos, e se isso se tornar, novamente, outra guerra interminável”, o apoio, segundo ele, pode diminuir.
No meio da tarde de domingo, o ministro da Segurança Nacional de direita radical de Israel, Itamar Ben Gvir — que recentemente foi alvo de sanções do governo do Reino Unido por “incitar a violência contra os palestinos” —, chegou a Bat Yam para encontrar os enlutados.
Acompanhado por um grupo de seguranças armados, ele apertou a mão de lojistas em uma rua onde muitos estabelecimentos tiveram suas janelas quebradas pela onda de choque.
Um deles, que não quis se identificar, estava sentado em uma cadeira de plástico do lado da padaria que administra há 29 anos. Ele disse que estava lá para evitar saques.
Será que ele apoia a abertura de uma nova frente de combate contra o Irã? “É claro”, diz ele, gesticulando com as mãos. “Que tipo de pergunta é essa?”
Netanyahu também visitou Bat Yam no domingo, ao som de “Bibi, rei de Israel” — um trocadilho com uma canção popular sobre o guerreiro bíblico rei Davi que muitas crianças judias aprendem na escola.
Horas depois, em um discurso noturno, ele lamentou os mortos, dizendo à nação: “Este é um dia difícil. Eu disse a vocês, haverá dias difíceis.”
Mesmo com o amplo apoio ao conflito, se continuar a se intensificar — e as mortes de civis continuarem a aumentar —, vai surgir a dúvida sobre quantos dias difíceis o povo israelense está disposto a tolerar.
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