Gates e outros titãs investem bilhões em nova era nuclear dos EUA

by Marcelo Moreira

Um grupo de bilionários conhecidos do Vale do Silício como Bill Gates (fundador da Microsoft), Peter Thiel (cofundador do PayPal) e Sam Altman (CEO da OpenAI) está investindo bilhões de dólares em tecnologia nuclear há pelo menos quatro anos, algo que era visto como raro até 2021.

O novo movimento é impulsionado principalmente pelo acelerado avanço dos estudos sobre Inteligência Artificial (IA), mais um mercado que EUA e China disputam na liderança global.

Recentemente, o próprio presidente americano, Donald Trump, declarou que esse é o momento de uma nova era da energia nuclear, defendendo a revitalização da indústria americana para alcançar independência energética e competir par a par com a capacidade nuclear chinesa.

Oak Ridge, no estado do Tennessee, ganhou o apelido de “cidade atômica” por se tornar um local estratégico para o Projeto Manhattan, esforço secreto liderado pelos EUA para desenvolver a primeira arma nuclear do mundo e encerrar a Segunda Guerra Mundial.

A cidade voltou a ganhar destaque devido à presença de um grupo de cientistas da startup Standard Nuclear com um novo projeto de expansão da energia nuclear. Mas, desta vez, para um fim diferente: a corrida tecnológica pelo domínio de IAs.

Segundo o The Wall Street Journal (WSJ), eles estão desenvolvendo combustível resistente a derretimento para um tipo menor e mais seguro de reator nuclear, que se tornou essencial para atender às necessidades energéticas atuais de independência estratégica e industrial da China.

Esse investimento chamou a atenção dos titãs da tecnologia justamente porque a construção de sistemas avançados de IA dependem de um consumo alto de energia, segundo o WSJ, equivalentes às de uma cidade. Segundo a empresa PitchBook, que reúne dados globais do mercado de capitais e realiza pesquisas, os bilionários já investiram mais de US$ 2 bilhões em tecnologia nuclear.

Além das big techs, o próprio governo dos EUA está interessado nesse novo projeto. O Departamento de Defesa do governo Trump planeja usar os pequenos reatores para abastecer seus navios e bases militares, principalmente em regiões remotas do Pacífico e no Ártico, onde China e Rússia também ampliaram sua influência nos últimos anos.

O presidente-executivo da Standard Nuclear afirmou ao WSJ que a corrida por mais produção de energia nuclear é uma necessidade nacional, visto que o país produz menos energia nuclear do que há uma década. “Em algum momento, vamos ficar sem combustível”, disse.

Atualmente, a Rússia possui cerca de metade do mercado mundial de urânio enriquecido, o principal ingrediente do combustível, enquanto Washington abandonou essa corrida há muito tempo.

Apesar de ainda liderar a produção de energia nuclear no mundo, com 93 reatores em funcionamento, o país está ficando para trás e a China está emergindo como sua maior concorrente, com expectativa de superar a produção americana em aproximadamente cinco anos.

Dados da Associação Nuclear Mundial mostram que o gigante asiático atualmente possui 31 reatores nucleares em construção, metade do total global, com planos de construir mais 40 na próxima década.

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